Acordei cedo e sai para nadar com o Caetano, quando voltamos para tomar café da manha, o pessoal que passou a noite fora tinha retornado, então foi decretada nossa folga, comemos e nos preparamos para sair. Convidamos os americanos para ir à praia conosco, porem eles estavam enrolados envernizando o barco. Então fomos eu e Caetano, quando chegamos no porto, encontramos um pessoal que trabalha nas lanchas de apoio aos navios, como era domingo e eles estariam de folga após entregar umas peças a um navio, combinamos de sair com eles. Eles nos convidaram para ir com eles ate o navio que iriam entregar a tal peça e aproveitar para passar no Fraternidade para deixarmos a mochila que iríamos levar para a praia. Quando voltamos em terra saímos do porto, compramos umas brejas e saímos caminhando para o local onde iríamos almoçar. Começamos a entrar pelos becos de Colón, passamos por locais muito degradados, construções antigas sem manutenção adequada, algumas varandas e Lages era sustentadas por varias madeiras escoradas, muito lixo na rua e nos blocos de apartamentos, podemos dizer que é uma favela de alvenaria, com muito vazamento de água, que escorria por dentro das casas e pela rua, me arrependi muito de ter saído de chinelo, tinha que ficar pulando e procurando o melhor lugar para passar. Chegamos próximo a uma quadra de futebol que tinha uns meninos jogando, resolvemos brincar com eles, montamos um time com dois brasileiros e um panamenho, “Jonbo”, que é o piloto da lancha, contra três meninos locais. Começamos bem, fizemos dois gols, ai os meninos começaram a se revezar entre os que estavam fora, alem deles terem mais preparo físico e começarem a se revezarem, não agüentamos por muito tempo e logo cedemos o empate!! Acabado o jogo, tomamos mais uma cerveja e fomos para a casa do José, um dos blocos que passamos no caminho, lá pude ver que o Brasil não está tão mal assim. Mesmo nas viagens que fiz no Peru e Bolívia, nunca vi uma pobreza tão grande e de tão perto. A casa era um cubículo com um sofá, uma televisão, um fogão e a geladeira, compramos umas cervejas no distribuidor próximo e sentamos no corredor do “prédio” e ficamos conversando e escutando musica. Como era domingo o pessoal do bloco faz uma festa para as crianças, então armaram no segundo andar uma piscina inflável e um som potente que tocava reggae local, o som era muito bom a piscina ate as 1800 era das crianças após dos adultos, mas as 1600 quando subimos a água já estava marrom!!!
Comi o que eles chamam de “domingueira” Arroz com frango, preparado pela esposa do José, que é filha de jamaicanos que moram no panamá há muito tempo, muito boa a comida, repeti duas vezes!!
Fiquei mais um tempo lá, mas não quisemos esperar anoitecer, apesar de estarmos na presença de moradores local, achei que o local não era seguro para ficarmos a noite.
É uma pena que não temos muitas fotos de Colón, pois achei que não valia a pena sair com a câmera e correr o risco de roubarem no começo da viagem.
Voltamos para o barco umas 1730 e fui dormir cedo pois estava bem cansado.
Na segunda era dia de trabalho, fiquei levando a turma com o bote do barco até o porto, cozinhei, lavei roupa organizei uma espécie de preventer para o pau de spy e fiz umas costuras no cabos do bote. Aproveitei para passar nos barcos dos americanos e trocar umas idéias.
Na terça era folga novamente, aproveitei para ir a Shere Bay Marina, que fica do outro lado da baia de San Cristoban, local onde fica o porto do Colón. O passeio já começou bacana, pois pegamos uma carona com o pessoal das lanchas de apoio, passamos por dois navios antes de chegar na marina. Conheci um casal de brasileiros que vivem de fazer delivery pelo mundo, muito bacana e também um ótimos contato, eles estão treinando um novo marinheiro para um bennetau 50 pés com bandeira panamenha, mas o dono é brasileiro, conheci também um Neozelandês e um dinamarquês que estão levando um barco para a Austrália e estão precisando de um tripulante. Fiquei de conversar melhor com eles na Cidade do Panamá, para ver o esquema de custos e logística dentro do barco. Depois fomos para a zona livre, eu, Caetano, Samirah, o casal e o novo marinheiro, que também é muito bacana. Novamente pegamos uma carona com a lancha. Quando chegamos ao porto convidamos o piloto e o marinheiro da lancha para almoçar conosco, depois fomos até a zona livre para mostrar para os novos amigos e aproveitei para comprar uma bota de trekking, muito bacana, com biqueira e uma camada na sola de titânio, impermeável e respirável. Acabamos deixando o pessoal na zona livre, pois eles voltariam de taxi para a marina e nos tínhamos que passar na net e pegar o bote de volta para o barco as 1730. Chegando no barco aproveitei para ir até o barco dos americanos, para trocar idéia e aproveitar para eles corrigirem o meu cv em inglês. Umas 2000 voltamos para o barco jantamos e ficamos trocando idéia e esperando a Samirah arrumar as malas, já que ela ira desembarcar, pois conseguiu uma carona no tal benetau para Saint Martin. Local o qual gostaria de ir, pois vai rolar uma semana de vela por lá e na seqüência tem a semana de Antiqua de barcos clássicos e depois de barcos modernos, fiquei morrendo de vontade, mas que abe do outro lado role!! Foi muito engraçado, pois ficávamos o tempo todo fazendo piada da quantidade de bagagem dela.
Hoje quarta, acordei cedo pois é meio dia de fazer o café, houve algumas trocas na escala do fogão por conta da folgas em terra, então ficou bem bagunçado, um dia um faz café da manhã mais não faz o almoço nem o jantar. Depois fui levar a Samirah para o porto, aproveitei e dei uma carona para os americanos, tive que fazer uma segunda viagem para levar o casal de poloneses e um dos americanos que ficou para trás devido ao excesso de pessoas. Voltei para o barco e levei Aleixo e Paulo no porto para irem à net, aproveitei e fui também. Foi a primeira vez que tivemos autorização para deixar o bote sozinho por um tempo no porto. Voltei comemos uma feijoada e estou fazendo a digestão escrevendo e acompanhando o Lito a trocar o óleo do gerador, enquanto Aleixo saiu com Tito, o despachante que está nos ajudando com a burocracia local! Terminado a função do gerador, fomos empinar “raia” uma espécie de pipa feita com papel de caderno e um pedacinho de bambu, ficamos por mais de hora brincando. Quando Aleixo voltou com nossos passaportes e os papeis de liberação de cruzar o canal, levei Lito, Tchuca e Caetano para irem na internet e as compras. Fui buscar o pessoal as 1730 como combinado, porem Paulo não apareceu, ficamos esperando por uma hora, enquanto conversávamos com o pessoal que trabalha no porto e depois com um Suíço que precisava de carona até o barco dele, pois tinha ido ajudar uns amigos na passagem do canal. As autoridades obrigam que cada barco tenha 4 pessoas para manusear os cabos de amarração uma para pilotar mais o prático. Então os barcos que tem tripulação contratam panamenhos ou organizam com os velejadores de outros barcos. Quando foi 1830 Aleixo avisou que Paulo tinha ligado dizendo que iria atrasar, voltamos ao barco jantamos e ficamos aguardando Paulo, que chegou por volta das 2030. Nesta noite ficamos jogando carta e trocando idéia.
Quinta feira, dia de cruzar o canal, todos estamos ansiosos. Saíram Aleixo, Lito, Paulo e Jeff para comprar alimentos frescos, pois em Colón tem uma ótima feira livre. Aproveitei para nadar, pois estou muito sedentário nesta viagem. Quando retornaram, eu, Caetano e Tchuca saímos para fazer compras, comprei uma maquina de cortar cabelo por US$ 5,00, muito barato. Voltamos para o barco almoçamos feijoada, preparamos as amarras, levantamos ancora e aguardamos a chegada do pratico, manobrando o barco lentamente no motor, somente para tentar manter a posição. Como o vento estava com rajadas de até 25 knots, mantive o barco quase contra o vento e controlava no motor nossa posição. Quando o prático chegou, percebemos que ele já estava estressado. Ele assim que subiu no barco pediu que desse toda máquina avante e fomos andando entre 8 e 8,5 knots, a favor do vento. O canal foi se afunilando até a proximidade da eclusa Gatun, construída em 1913. Ficamos manobrando próximo a eclusa até recebermos a autorização para entrar, passamos pela eclusa com mais dois veleiro e um navio de médio porte na mesma vaga e na vaga ao lado passou um navio que eles chamam de panamax, media máxima possível dentro das eclusas. Este navio ele é um panamax em sua largura, mas não em comprimento, ainda assim é bem grande. Foram três etapas de subida. Em cada uma delas tínhamos que trabalhar as amarras para manter o barco próximo a parede. O processo é bem interessante é visível a diferença de cor da água salgada do canal com a doce do lago que enche a eclusa. O processo de passagem na eclusa velou em torno de 0130, como entramos na eclusa as 1800 saímos as 1930 já no escuro. Navegamos por mais 20 minutos até chegarmos numa construção que não consegui identificar o que é. Lá atracamos a contra bordo de uma bóia gigante, foi uma pena que não tiramos nenhuma foto. Do outro lado da bóia estava um veleiro canadense, após nossa manobra de atracação e jantarmos fui com Jeff no barco deles e ficamos conversando por um bom tempo. Relembrei bastante minha temporada no Canadá, pois eles moram perto de Vancouver e conhecem tudo por lá. Umas 2230 fomos dormir, pois estávamos cansados e o piloto estava previsto para chegar as 0600 da manha e tínhamos que estar prontos, então acordamos as 0500. Assim que ele chegou não perdemos muito tempo e já soltamos da bóia e começamos a navegar pelo lago, que é muito bonito, só em alguns pontos que estão com obras de ampliação do canal que a água fica barrenta e a paisagem muda. Navegamos por algumas horas no lago, chegamos a Pedro Miguel a primeira eclusa de descida, são dois estágios, navegamos por um lago artificial e chegamos na Miraflores ultima eclusa, nestas duas eclusas atracamos a contra bordo de um barco de passeio de 120 pés que leva turista para atravessar o canal, foi muito bom para nós pois não tínhamos que nos preocupar com folgar as amarras conforme descíamos.
Chegamos ao pacifico, uhuh!!!! Navegamos um pouco e assim que chegamos próximo a ponte das Américas a lancha de apoio do pratico encostou a contra bordo e ele desembarcou. Tentamos falar com o as marinas da cidade do Panamá, mas recebemos a informação de que todas estavam lotadas. Aleixo decidiu que iríamos para um ilha chamada Taboga, que fica a 9 milhas da capital. Nos aproximamos da ilha para procurar um local adequado para ancorar, após observarmos as profundidades e a proximidade de outros barcos,acabamos ancorando um pouco fora, baixamos o caíque e fomos na cidade para comprar pão, pegar informações da balsa que vai para a capital e dos lugares bons para ancorar na ilha. Não pudemos deixar o caíque no píer pois estava próximo ao horário da balsa então paramos na praia, arrastamos o bote até uma certa altura e fomos caminhar. Não encontramos pão, mas conseguimos falar com uns sul-africanos que tem uma veleria pequena na ilha. Eles sugeriram pararmos em uma poita, mas Aleixo não gostou da idéia, no caminho de volta para o bote paramos para tomar um suco, quando percebi que a maré estava subindo rapidamente e que se demorássemos o bote ficaria no fundo, pelo menos tínhamos colocado a ancora na areia, mas deixamos o bujão aberto para esgotar a água da chuva. Quando cheguei para pegar o bote, pois me adiantei perante o grupo, estava cheio de água, mas quase na beira da praia, deu para puxar o bote pela ancora sem ter que entrar na água. Duro foi ter que tirar toda água de dentro do bote!! Peguei o pessoal no píer e fomos para o barco, tivemos certa dificuldade para subir o bote devido as ondas que aumentaram junto com o vento, terminado a manobra do bote, percebemos que a ancora tinha garrado (expressão usada quando a ancora solta do fundo),rapidamente ligamos o motor e dermos marcha a frente, tínhamos derivado bastante e já estávamos próximo a um atuneiro gigante de uns 150 pés, comecei a recolher a ancora com o guincho, o momento foi tenso, Aleixo chegou a cogitar de aproveitarmos o vento a favor e irmos direto para Galápagos. Pensamos e avaliamos a questão um pouco melhor e decidimos que era melhor ir para sota vento da ilha de Taboga, que estaria protegida do mal tempo, já que todos tinham questões para resolver no Panamá, inclusive o regulador de voltagem de um dos motores. Demos a volta na ilha já com o sol se ponto, que estava maravilhoso, observamos a profundidade e a distancia de terra e lançamos a ancora a 18 metros de profundidade, soltamos quase 100 metros de corrente, pois estávamos todos preocupados. Demos um banho de mar, tentei mergulhar para ver a ancora, mas não consegui estava fundo e escuro. O local é muito bonito, mas não tem praia. Dormimos um atento ao vento e as ondas, mas correu tudo muito bem.
Acordamos cedo e decidimos que parte da tripulação ia para terra e eu, Lito e Aleixo íamos ficar cuidado do barco caso o vento mudasse. Estudamos a melhor rota para a equipe de terra atravessar o morro para ir a cidade que fica do outro lado da ilha, calculamos umas 2 milhas de caminhada em terreno bem inclinado, fomos todos no bote para desembarcar o pessoal na costeira. Apesar da ondulação a manobra não foi difícil. Voltamos para o barco e aproveitamos para irmos mergulhar, preparamos 2 arpões e uma fisga de lagosta e fomos nadando até a costeira, ficamos pouco tempo pois a água não estava muito limpa, consegui matar 1peixe preto e 2 budiões azul, mas um dos budiões fugiu, foi uma pena era o maior e o peixe preto Aleixo achou melhor não comermos. Voltamos para o barco almoçamos carne de panela que tinha sobrado do dia anterior, lavei a louça e voltei a mergulhar, estava na “fissura”, fui nadando novamente, mas água estava muito suja então voltei para o barco e fiquei relaxando e esperando o pessoal chegar para irmos buscá-los com o bote. Assim que chegaram eu e Lito fomos até a costeira, pegamos o pessoal e voltamos para o barco jantamos e jogamos cartas.
Hoje é domingo e ficou acertado que Aleixo e a equipe que tinha saído no dia anterior iriam para a cidade para resolver umas questões na net e organizar um barco para fazer nosso translado até a cidade de Taboga, e eu e Lito ficaríamos a bordo para caso tivesse que mudar o Fraternidade de lugar, por um lado foi chato pois tive que ficar dois dias seguidos sem sair, mas por outro foi bacana, pois Aleixo me deixou responsável pelo barco. Desembarcamos o pessoal em outro ponto da costeira que achamos mais fácil a subida, enquanto o pessoal avaliava se dava para subir ou não, voltei até o barco rapidamente preparei o equipo de mergulho e retornei a costeira para pegar Lito e checar se todos tinham conseguido subir. Cheguei lá e Lito já estava nas pedras me aguardando, ancorei o bote e ele veio nadando, preparamos os arpões e fomos a caça, que hoje foi muito boa, matei 4 budiões e Lito 2 e duas tainhas pequenas para fazer isca, achamos que era o suficiente e voltamos, preparamos uma bela moqueca com pirão comemos e dormimos até a hora que vimos um barco vindo em nossa direção, percebemos que nele estavam Jeff, Aleixo e um dos Sul Africanos. Após eles ancorarem o barco fomos buscá-los de bote, o convidado conheceu o barco tomou um guaraná e pediu que nos levassem de volta já que estava ficando tarde. Fomos até o barco dele e ele pediu que eu ajudasse com a ancora, recolhi a ancora, pulei para o bote e voltamos para o Fraternidade, conversamos um pouco mais e aguardamos o resto da equipe que estaria vindo por terra. Descobrimos que Aleixo e Jeff tinham ido até a Marina Flamenco no Panamá com o Sul africano, que tinha que entregar uma vela lá. Realmente a marina estava lotada, mas ele mostrou um bom ancoradouro, que devemos ir para lá na terça. Assim que percebemos que o pessoal chegou na costeira fomos buscá-los, chegando lá eles disseram que o cabo tinha ficado amarrado no topo do barranco pois não conseguiriam descer sem o cabo, acabei tendo que subir e soltar o nó. Na volta para o barco foi um tal de joga um e outro no mar, foi muito divertido, tudo começou pois Caetano estava reclamando que não queria remar. Voltamos ao barco, fizemos mais pirão da moqueca e comemos todos, jogamos xadrez e dormimos.
Segunda, meu dia livre, já que hoje Aleixo ficaria no barco o dia todo, sai cedo para caminhar na ilha com Caetano, achamos um local super fácil de subir, ainda assim Caetano achou que tinha que levar o cabo, que acabou sendo um estorvo, pois estava molhado e pesado e não foi necessário em nenhum momento. A caminha foi muito boa, fomos até o mirante no topo da ilha a 1000 metros de altitude, depois fomos caminhando até a cidade, almoçamos passeamos um pouco e voltamos para o barco. Aqui nadamos um pouco e agora estou escrevendo um pouco para aproveitar o momento tranqüilo, o pessoal que ficou no barco hoje pegou umas ostras, vamos ter moqueca de ostra com peixe que sobrou de ontem, muito fina a comida e também muito barata, já que foi tudo pescado. Detalhe a moqueca com direito a azeite de dendê e leite de coco. Sem duvidas essa foi a melhor parada até agora, pelo menos a primeira com cara de vida a bordo, pois as outras só paramos em grande centros que fora a cidade não tinha muito a oferecer. Ficou decidido que vamos amanha para o ancoradouro no panamá para resolvermos as pendências para ai então atravessarmos o pacifico, com parada em Galapagos e Marquesas.
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