quarta-feira, 3 de março de 2010

Granada - Panamá






Mais um dia de navegação tranqüila, agora estamos a menos de um dia de Granada, com a proximidade de terra o capitão ficou preocupado, na noite de aproximação de terra, como de costume, diminuiu bastante as velas. Velejamos agora somente com a genoa rizada e a mezena no terceiro rizo e o grande totalmente em baixo. O barco andava a 3,5 knots, lembrando que tínhamos uma correnteza de 1 a 2 knots a favor. Como o vento estava de popa fizemos ziguezague o que aumentou a distancia do porto. Aproximadamente as 0630 avistamos terra, porem ainda bem longe, mesmo com todo o pano em cima e andando de 6 a 7 knots levamos quase 6 horas para chegar na entrada do porto. A geografia local a primeira vista lembra um pouco Ilhabela, pois Granada é um morro sem muita aera plana e as casas são todas penduradas no morro.

Ao chegar perto percebemos que tinha muito veleiros ancorados do lado de fora do que chamam de blue lagoon, loção o qual pretendíamos ancorar e onde se encontra o yacht club de Grenada e a marina Port Louis, suspeitávamos que não tivesse como ancorar dentro da lagoa devido a espaço. Passamos um radio para o yacht club e confirmamos nossa intuição, procuramos um espaço para ancorar próximo aos veleiros que estavam do lado de fora. Após feita toda a manobra, baixamos o bote e fui com Aleixo dar entrada nos papeis da imigração. Como tem um posto dentro do Yacht club, paramos o bote no píer exclusivo para bote, porem como teoricamente somente o capitão esta autorizado a desembarcar em terra para tais procedimentos, tive que ficar esperando a volta do capitão dentro do bote. Foi bastante duro, pois fiquei entre uma hora a duas no sol. Quando ele voltou, tivemos que voltar para o barco, cada tripulante tinha que preencher um formulário, além de pagar uma taxa de 100 EC dollar por tripulante, é a moeda este caribenha, US$1,00 vale 2,67 EC$. Quando retornamos com os papeis para finalizar a burocracia voltou com a gente Ligia, Lara e Alexei que após a entrada dos papeis iriam desembarcar e Samirah e Jeferson que teriam que tirar foto para a burocracia. Todos desembarcaram e eu voltei para pegar as malas da família o pessoal no barco me ajudou a embarcar a bagagem, no clube Alexei, Lara, Jeff e Samirah me ajudaram a levar as malas até a varanda. No final, não foi necessário as fotos, mas tivemos que esperar mais uma de hora, dessa vez na tranqüilidade, pois estávamos em 4 na varanda do clube tomando “Carib” a cerveja local, que ficou mais saborosa ainda por ser patrocinada por Alexei, pois era o único que estava com dinheiro no momento. Após um bom tempo de espera, resolvemos dar uma olhada no que tinha em volta do clube, saímos eu, Samirah e Jeff, mas não andamos 5 min e vimos Aleixo retornando, parecíamos 3 adolescentes fugindo da escola, pois assim que o vimos, saímos correndo de volta para o clube, com medo de ser repreendidos por termos saído do clube antes de termos os passaportes carimbados na mão. Neste momento a família pegou um taxi para o hotel que eles tinham reservado, eu, Jeff, samirah e Aleixo, fomos até a marina port Lois que fica em frente ao yacht club para ver os valores para atracarmos no píer, após negociação e escolha da vaga, fomos até um mercado próximo para comprar pão para o café. Voltamos para o barco, com a decisão de que no dia seguinte assim que acordássemos iríamos para a marina, Aleixo achou que não valia a pena irmos no mesmo dia, pois já era final da tarde. Quando cheguei no barco, aproveitei para cair na água, que estava muito boa, dei um olhada na ancora e voltei para tomar banho. Fizemos jantar e fomos dormir.

Acordamos tomamos café e iniciamos a manobra para subir a ancora e irmos para marina, a entrada do canal foi tranqüila, assim como a atracação.

Finalizado a manobra e com o barco devidamente atracado no píer saímos todos (vida de gado, expressão utilizada pelo capitão quando sai toda tripulação) para ir até o centro da cidade, fazer um reconhecimento e aproveitar a feira local para repor o estoque de frutas e verduras. Almoçamos num restaurante tipo quilo só que o sistema de cobrança é por porção, cada ingrediente tem seu valor e o preço final é a soma dos ingredientes que vc escolheu. Comi arroz com lentilha, macarrão e bisteca de porco com molho barbucue, estava tudo muito bom. Após o almoço voltamos para o barco, onde iniciou o processo das manutenções e arrumações programadas. Iniciamos pelo pau de spy, que quando baixamos os dois percebemos que a porrada tinha sido maior do que imaginávamos, pois o segundo pau também tinha sido afetado. Desmontamos as peças que tinham sido danificadas e que teriam que ir para um torno, enquanto isso, orientei Samirah e Tchuca a fazer modificações no sistema de amarras do bote. Também tiramos o lixo, engraxamos o cabo de aço e eixo da quilha, tiramos água do paiol da corrente da ancora e mudamos os rizos de lugar. Terminamos os trabalhos e fomos dar um pulo na piscina da marina e após o banho saímos para uma baladinha chamada Fantasion, porém chegamos cedo demais e ficamos aguardando num bar ao lado, que tinha vista maravilhosa para o mar, tomamos Run Punch e às 2300 horas local fomos os primeiros a entrar na balada, que tocava reggae local, muito boa a musica, mas estava meio vazia. Um pouco mais tarde tchuca que tinha separado da gente chegou com Lara e Alexei, ficamos curtindo um pouco mais a balada e hora que cansou, eu, Jeff e Paulo saímos mais cedo e voltamos para o barco. Aproveitei para entrar na net e depois dormir.

Acordamos e como tinha que esperar a peça do pau voltar do torno para continuar o trabalho aproveitei para ir a uma cachoeira com o Caetano, tínhamos visto uma placa que dizia 5 milhas até a Anadale falls, decidimos ir correndo, porem no meio da corrida erramos o caminho e só descobrimos bem depois, começamos a voltar caminhando, porem desviamos novamente o caminho para irmos ate um forte, que tem um vista maravilhosa do porto. Depois continuamos nossa empreitada para a cachoeira, para todos que perguntávamos diziam:

- É longe demais tem que pegar taxi. Porem não estávamos afim de gastar dinheiro, pois nos falavam que seria 10ec$, então continuamos a pé, entre a corrida e a caminhada passou aproximadamente três horas e meia, porem chegamos a cachoeira, não e das mais bacanas, mas deu para dar uns pulos e se refrescar bastante. Na volta após conversarmos com um rapaz da associação de puladores de granada, nada mais é que um grupo de pessoas que pula de locais bem alto dando cambalhota para turista tirar foto e dar uma caixinha, ele nos falou que tinha um ônibus de 2,50ec, na verdade todos os ônibus municipais tem esta tarifa, mas os motorista muitas vezes aumentam o valor quando se trata de turistas, não tivemos duvidas, pegamos o ônibus, mas esse ainda nos deixava a 20 min de caminha ate o barco. Chegamos no barco e aproveitamos para almoçar, não lembro o cardápio, mas comemos e esperamos a peça chegar e quando chegou percebemos que estava errada, fiz as avaliações necessárias e mandamos de volta, nisso lembramos da outra peça que tínhamos tirado quando ainda estávamos no mar, começamos a trabalhar nela, foi muito difícil, pois esta peça é de aço inox 3/16 e tem seis pontos de fixação no mastro e nenhum deles estava encaixando onde devia,. Resultado, com vários cabos curtos fazendo redução em diversos sentidos e de vez em quando com auxilio da catraca do mastro puxando para baixo conseguimos começar a encaixar os parafusos. Começamos o trabalho hoje, porém só finalizamos no dia seguinte. Quando finalizamos o dia de trabalho, chegou um Frances perguntando se podíamos dar uma olhada no enrolador da genoa dele, fomos ver e percebi que para fazer o trabalho, ia ser necessário retirar o headfoil por completo, para trocar a peça danificada. Dei um orçamento de $50 americanos à hora, incluindo eu e um ajudante e todas as ferramentas necessárias, ele ficou de conversar com os amigos e dar a resposta posteriormente.

Esta noite ficamos pela marina e tirei a sorte grande, pois acabei conhecendo um barco italiano, Tyke, de 61 pés de fibra de carbono, maravilhoso o sistema de computação é de ultima geração. Na travessia do atlântico o barco atingiu 20knots de velocidade. Foi um contato muito bacana, pois além de ganhar um boné irado e uma camiseta do barco, também consegui o email do proprietário que me disse que ta construindo um 80 pés no mesmo estilo e que disse que quando o barco estivesse pronto, entraria em contato comigo!!! Manei um email para ele no mesmo dia.

Hoje fui com Lito e Aleixo até umas lojas náuticas em prickblay para comprar alguns itens que estávamos precisando, depois fomos a um mercado grande para conhecer e programar a próxima compra de frutas e legumes. Aproveitamos e comemos no caminho. Quando chegamos no barco, terminamos o trabalho iniciado ontem, ficamos mais de 5 horas no mastro entre os dois dias de trabalho.

Hoje atracou do nosso lado a Gloria uma escuna a vela de 128 pés, maravilhosa o desenho é de 1930, mas a construção foi em 1986, o barco e maravilhoso. Organizamos com a tripulação do Gloria um churrasco no píer para o dia seguinte.

A noite fui eu e Lito num barzinho com uma moça nativa de Granada, muito legal, como a comunidade rastafári é grande aqui, todo lugar toca reggae, ficamos tomando umas brejas e comemos frango assado na brasa, porem voltamos cedo, não era nem 0000. Antes de sair, passei pelo barco italiano e convidei o pessoal para sair, mas eles me disseram que não seria possível, pois tinham adiantado a ida para Trinidad e estariam saindo por volta das 0100. Como voltamos cedo da baladinha, aproveitei para acompanhar a desatracação do barco. A saída atrasou e aproveitei para conversar bastante com o Mirko, que é o atual marinheiro do barco, muito gente boa, acho que ele me dará uma força com relação ao 80 pés. Finalizado a saída, voltei para o barco e dormi.

Hoje estávamos todos de folga e tínhamos combinado de ir em uma cachoeira chamada seven falls, dizem que é a melhor de granada. Pegamos um ônibus até o terminal de ônibus no centro da cidade e outro até a entrada da cachoeira, pagamos a taxa de entrada e iniciamos a caminhada de aproximadamente 30 min, chegamos a cachoeira, maravilhosa, são duas queda seqüenciais de água cristalina, foi muito bom, deu para nadar, escalar pular de diversos pontos, vejam as fotos!!! Quanto as outras 5 quedas, não tivemos tempo de ir, pois pelo que nos informaram ela meio longe e ainda tínhamos que ir no grand anse que é um lago dentro de um vulcão, o local é bonito, mas esperávamos algo diferente, mas com cara de vulcão e lago de água quente, mas ta valendo. Não mencionei anteriormente, mas aqui não tem ônibus, todos os transporte coletivos são feitos em vans. Pegamos um van para voltar para o barco, muito engraçada, apelidamos ela de rasta móvel, pois era verde clara por fora de colorida de vermelho e amarelo por fora, muito bacana e tanto o cobrador quanto o motorista, são muito simpáticos, saíram da rota para nos levar a uma arvore gigante, veja as fotos!! Acabamos organizando com eles de pagar um pouco a mais e irmos até a marina.

Depois da chegada no barco fomos organizar o churras com a tripulação do gloria, foi bacana deu para treinar bastante o inglês, comer carne, tomar cerveja e run punch, apesar da constante inspeção do capitão sobre o que e quanto estávamos bebendo.

Nesta noite descobrimos que o capitão tinha mudado os planos e iríamos direto para o panamá. Foi uma pena, pois gostaríamos de conhecer mais o Caribe, mas em contra partida, chegaremos mais rápido nas ilhas Marquisas no pacifico.

Acabei acertando com o Frances de fazer o trampo no dia seguinte pela manha, mas como ele tinha chorado muito acabei fechando em US$80,00 o trampo todo.

No horário combinado fui eu e Lito, ficamos umas duas horas trabalhando para desmontar tudo, quando chegou no final percebemos que a peça que ele tinha era errada, ai combinamos dele providenciar a peca o mais cedo possível no dia seguinte (segunda), pois iríamos embora na terça. Aproveitamos o final do dia para irmos até uma praia a qual Jeff queria pegar onda, nós caminhamos na praia e fomos a uma marina olhar os barcos, mas estava com pouco movimento então resolvemos dormir na sombra de um chapéu de sol. Voltamos para o barco de ônibus jantamos e dormimos.

Acordei cedo e fui fazer compras com Aleixo e parte da tripulação, aproveitamos e comemos próximo ao mercado, quando voltamos para o barco, organizamos as compras, levei Aleixo na imigração de bote e após tudo resolvido voltamos para o barco e colocamos o bote para cima, amarramos bem para não balançar durante a travessia que estava programada entre 8 e 10 dias. Depois fui terminar o trabalho dos franceses que não conseguiram uma peça nova,mas reformaram a velha, acho que não vai durar muito o remendo, mas não posso fazer nada. Terminei o trabalho e fomos tomar 1 cerveja paga pelo Frances, quando fomos acertar ele queria me pagar em ec$, falei que tinha combinado em us$ e não servia o ec pois estaria indo embora na manha seguinte, como ele não tinha us$ perguntou se poderia pagar em euro, falei que não tinha problema então ele pediu que eu passasse no barco dele mais tarde. Foi bom pois acabou me pagando 70 euros. Que dividi com lito e Caetano.

Terça feira acordamos tomamos café e nos preparamos para sair, a saída foi tranqüila, porem o vento no inicio do dia não estava ajudando, pois alem de fraco estava totalmente de popa. Sugeri em colocar o pau de spy na genoa, sugestão não aceita. Logo após fui surpreendido com Aleixo sugerindo em colocarmos o geniker, a alegria foi instantânea e geral, preparamos a subida que foi impecável. O barco começou a andar cada vez melhor, até porque o vento começou a aumentar a intensidade e mantendo o mesmo rumo. O único problema na manobra do geniker foi que meu chapéu novo caiu no mar após enroscar no preventer da mestra, quando passei correndo pelo deck para caçar a escota, não teve como resgatar, foi uma pena!!! Voltarei para o meu velho e fiel companheiro de palha!!!

No por do sol, como de costume baixamos o geniker, desenrolamos parte da genoa e rizamos a mestra para o primeiro rizo, a mezena tinha sido içado no primeiro rizo e não foi alterada.

Os turnos mudaram devido ao desembarque de parte da tripulação, então agora faço o turno das 0900 as 1200 e das 2100 as 0000, porem sozinho. Tem suas vantagens, mas estava acostumado a fazer turno em 3.

O vento se manteve leste nos dois primeiros dias, fazendo com que andássemos cerca de 150 milhas por dia, mas somente 110 para o rumo, pois nosso rumo é oeste e só conseguimos velejar para noroeste ou sudoeste, pois se empoparmos o barco não navega bem. Hoje no terceiro dia o vento rondou para sueste o que não é normal nesta região, segundo o pilot charter. Para nós este vento e perfeito, pois demos o gybe agora andamos direto para o nosso rumo. Meu turno começa em 10 min, vou me preparar.

O vento continua variando entre leste e sudeste, nosso rumo continua quase perfeito quando sopra um pouco mais de sudeste, mas quando ronda para leste rumamos para cima da Colômbia. Se o vento se mantiver nessas condições, teremos que dar um gybe para fora e quase que rumo contrario do que temos que ir, será necessário para safarmos a península de La Guajira na Colômbia. Porém se o vento rondar para nordeste, vento prevalecente nesta área, vai ser perfeito, daremos o gybe e rumaremos quase direto ao canal do Panamá.

Hoje pela manha fisgamos uma calava de aproximadamente 15 kilos, eu que percebi a linha esticando e como estava na popa, eu que puxei o peixe para perto do barco, porém na hora de embarcar o peixe, Aleixo com um “arpão” (tipo uma lança, cabo de madeira comprido com uma ponta de metal) e Lito com o bicheiro, me auxiliaram a trazer o peixe para dentro. Acredito que a linha não agüentaria o peso do peixe se batendo.

Maravilha, fartura de proteína fresca!!! Eu e Lito limpamos o peixe, parte para file e o resto para sashimi. Comemos sashimi e peixe grelhado no café, almoço foi purê de batata com peixe grelhado novamente e a noite moqueca, que estava maravilhosa com direito a pirão do caldo!!

Meus turnos sozinho tem sido bacana, já me acostumei novamente a eles, digo novamente pois no FRAM era normal fazer turno sozinho.

Hoje estou aproveitando para organizar um pouco as fotos, já que o gerador foi ligado e temos autorização para usar o computador na tomada, pois minha bateria já estava baixa da ultima vez que escrevi.

Sem grandes novidades, terminei o musashi no inicio desta travessia e já li o Marinheiro que perdeu a graça do mar, que não gostei muito. Agora estou lendo: No coração do Mar, que conta a historia do Navio baleieiro Essex que foi atacado por uma baleia cachalote e afundou no meio do pacifico, deixando a tripulação somente com as baleieiras auxiliares e com pouco suprimento, tendo que enfrentar o que no passado era chamado de “deserto de água” ou “inferno molhado”.

O peixe ainda durou três dias, comemos ceviche, moqueca novamente e por ultimo sopa!!

Tivemos mais alguns dias de vento forte, em torno de 18 a 23 knots de aparente, porém como estamos com o vento pela alheta e andando de 8 a 10 knots, o vento real sempre chega a beirar 30 knots. Tivemos que gybear algumas vezes para fugir da costa, nos mantemos sempre a mais de 100 milhas, também por conta de rondadas, como não conseguimos fazer rumo direto ao panamá, sempre ficamos atento as pequenas mudanças do vento, para melhorarmos nosso rumo. Estamos avançando rápido, porem um pouco fora do rumo, o que aumenta nossa distancia, mas ta valendo, é bonito ver o barco navegando rápido, apesar de termos que rizar o grande e as vezes a mezena toda noite, independente da intensidade do vento.

Nas ultimas 35 horas estamos direto no motor, a previsão é de calmaria total por 3 dias, esse foi o motivo pelo qual Aleixo resolveu ligar o motor, para não atrasar muito a chegada no Panamá. Iniciamos o processo de motorar ligando apenas um, porém na ultima meia noite, percebemos que não chegaríamos durante o dia então foi decidido ligar os dois para aumentar a velocidade. Hoje pela manha, o vento aumentou, chegou a 20 knots na orça, mas mantivemos os motores ligados e o barco andava a 8 kt. Durou pouco o vento e voltou a calmaria. Vemos a costa e as montanhas do Panamá desde cedo, é muito bonito! Lembra um pouco o visual da serra do mar.

A entrada da Baia de Cólon foi muito interessante, existe dois molhes (muros de pedra construídos para proteger as águas internas de ondas) bem grandes e um movimento intenso de navios. Foi tranqüila a entrada, somente em um momento que estávamos já dentro do canal interno da baia e vinha num sentido contrario um Panamax, classificação para navios construídos após a inauguração do canal do panamá que tem as dimensões máxima possíveis de entrar nas eclusas, e uma lancha da autoridade local se dirigiu a nós pedindo para sairmos do canal. Como estávamos chegando próximo ao fundeadouro, saímos do canal principal e não voltamos mais. No fundeadouro havia 2 barcos franceses, porem um era tripulado por “Neo Caledonenses” (espero que esteja certo) e um barco pequeno americano que esta dando a volta ao mundo solitário. Ancoramos e ficamos a primeira tarde e noite no barco.

Passamos um radio para a central de radio do canal informando que o barco estava fundeado e ficamos aguardando um contato da imigração. No dia seguinte, veio no barco um “agente”, que seria o mesmo que um despachante, que ajuda na burocracia, que é bem complicada, tem que passar por 7 departamentos diferentes. O capitão acompanhou Tito, o agente, na maratona burocrática e aproveitou para passar no mercado e re-estabelecer o estoque de frutas e legumes. Neste dia, ficamos o tempo todo no barco, aproveitamos para organizar o deck, fazer faxina, jogar cartaz e empinar “periquito” um tipo de pipa feita de uma folha de caderno, rolou até campeonato!!! Foi muito divertido!!!

Tive a sorte de estar de folga no primeiro dia no “panánaá” (forma a qual no referimos ao Panamá, fazendo piada, pode não parecer engraçado para quem le, mas em nosso contexto, já foi motivo de muita risada.Tem até trilha sonora pana-nanana-pana-nanana e afim vai!!!

Aproveitamos para irmos a “Zona Libre”, é um bairro comercial cercado por muro onde se vende de tudo sem imposto. É impressionante como tudo é muito barato, ter que ser muito controlado se não o barato acaba saindo caro, pois se compra demais. Eu comprei uma bermuda de surf da FILA por 8 us$, mas muito boa. To de olho em outras coisas, mas vou avaliar melhor!!!

Depois fomos caminhar pela cidade de Colón, que é muito interessante a pesar de ser uma cidade portuária. Foi construída como vila operaria para a construção do canal a mais de cem anos. Acredito que desde então a maioria dos prédinhos de 3 andares não foram repintados. Infelizmente ainda não tirei fotos, pois falaram que era uma cidade muito perigosa então não levamos maquina, mas da próxima vez que for vou tirar algumas.

Quando voltamos para o barco fui eu e Samirah passar pelos barcos ancorados, havia pelo menos uns 10 hoje. Conhecemos holandeses, americanos, um casal de poloneses muito simpático o mais bacana no casal é que a mulher dele fez a volta ao mundo em solitário sem escala, parando somente para cruzar o panamá. Voltamos ao barco e fomos jantar, pois estava marcado um duelo de xadrez contra um barco de americanos. São três amigos com média de 25 anos que estão dando a volta ao mundo num veleiro clássico de madeira, foi muito bacana. Só houve uma derrota brasileira em umas 10 a 12 partidas, conversamos um pouco e depois eles foram embora.

Como ontem folguei, hoje fiquei na função do leva e trás!!! Leva a turma para passear de manha e trás bujões de água, leva lixo e trás mais bujões de água e assim foi o dia, fui 5 vezes até o porto. O bacana é que o nosso desembarque é feito no mesmo píer onde ficam os rebocadores que estão aguardando algum navio chegar, que é dentro do porto. Temos que atravessar toda a operação portuária para chegarmos na guarita de entrada do porto que da acesso a cidade. Então caminhamos ao lado dos caminhões com contêiner e guindastes gigantes. Enquanto esperávamos os galões de água encher, são 9 de 20 litros, ficamos eu e Caetano conversando com os marinheiros dos rebocadores, que estavam ocupadíssimos com uma disputa acirrada de um jogo de baralho chamado “dos mil quinientos”, aprendemos a jogar e pegamos informações sobre o que fazer por aqui. Também cozinhei e ajudei a organizar as cartas náuticas da próxima perna, que vai do Pacifico Panamenho até a Nova Caledônia. Para um dia de trabalho foi muito bacana. No final do dia aproveitei para nadar um pouco, apesar da água meio estranha!!!

Acabei não mencionando um fato... não uma seqüência de fatos!! No barco temos uma filosofia de não desperdiçar água, energia, comida ou qualquer outra coisa. Durante a travessia de Granada para o Panamá, sobrou arroz do almoço, no jantar virou sopa com aveia e pedaços de peixe grelhado e consumido uma parte, no café da manha quando fizeram mingau utilizaram a sopa em vez de água. Resultado: Sobrou muito mingau,que não foi consumido no almoço, porém a tarde quando fomos fazer pão, em vez de leite, quem foi para a massa? O mingau de arroz que virou sopa e no final foi transformado em pão. O curioso é que o pão ficou uma delicia!!!

Já são meia noite e em terra não temos que fazer turno, por isso, vou dormir. Apesar da folga de amanha não estar clara, pois dois tripulantes que deveriam voltar hoje as 1700, ligaram avisando que só chegarão amanha, então estamos nesta função!!!

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