terça-feira, 1 de junho de 2010

Tahiti

Galera, desculpe a demora para atualizar o site, sei que já faz quase um mês que não ponho nada, mas muitas mudanças e a dificuldade com a net aqui na polinésia contribuíram para o atraso. Agora vai a chegada na tão esperada Polinésia francesa.
Estávamos a 320 milhas da entrada do porto de Nukuiva a principal ilha das Marquisas, no dia 18 ao meio dia. Comecei a fazer contas se daria para chegar no dia 20 antes do por do sol ou não. Após muita conversa com Aleixo, decidimos que se mantivéssemos o balão em cima uma noite seria possível chegarmos, mas para que o balão se mantivesse durante a noite, eu deveria dormir no pilot house, para que caso houvesse alguma coisa eu estaria o mais próximo possível do cockpit. Não vi nenhum problema em dormir no pilot house. Estava tudo certo, passaríamos a noite toda, o dia seguinte todo, abaixando o balão no por do sol e na noite que antecedesse a chegada não colocaríamos o balão e no dia da chegada avaliaríamos se colocaríamos o balão ou ligamos o motor para podermos completar o percurso antes do sol se por, pois apesar o porto de entrada ser grande e bem sinalizado, Aleixo não queria entrar a noite. E assim seguiu os fatos, passamos a noite e o dia seguinte todo com o balão em cima, porem após o por do sol, quando já tínhamos aberto “asa de pombo”, o vento diminuiu um pouco e estava ficando apertado para chegarmos. Decidimos continuar assim, pois se o vento diminuísse seria tranqüilo para ficarmos zigue zagueando no través para aguardar o sol nascer para ai entrarmos no porto. Quando terminou meu turno as 0000, faltando 90 milhas para e ainda tínhamos como margem de segurança 16 horas para completar o percurso e ainda ancorar com luz do dia, conversei com Aleixo e chegamos a conclusão que se o vento continuasse a diminuir não conseguiríamos chegar, mas se o vento aumentasse ou se mantivéssemos seria possível concluirmos o percurso no prazo estabelecido. Passei o turno para Lito e fui dormir. Acordei por volta das 0430 e fui ate o cockpit para checar o andamento, quando olhei as velas e vi que estávamos com o grande no terceiro rizo e a genoa quase toda enrolada, não acreditei, pois tinha combinado com Aleixo que esperaríamos mais para desistir de chegar no dia 20.
Em fim no dia 21 de Abril de 2010 chegamos a Nuku-Hiva. Como é de procedimento Aleixo foi fazer a imigração enquanto todos nos esperávamos a bordo. Ele voltou logo e trouxe algumas frutas frescas. Almoçamos e nos preparamos para fazer o primeiro reconhecimento do local. Saímos todos juntos, como “vida de gado”, fomos ao banco trocamos $$ e caminhamos pela orla da ilha. O local é muito bonito, muitas montanhas e poucas casas, apesar de ser um porto movimentado, tinha pelo menos uns 20 a 30 veleiros. Voltamos ao barco no final do dia jantamos e dormimos. No dia seguinte limpamos um pouco do fundo, que estava com um tipo de alga marinha que só tem no meio do pacifico, organizamos o interior do barco, almoçamos e tivemos a tarde livre. Eu e Caetano saímos para fazer uma caminhada e tentar chegar num mirante localizado no topo de uma montanha na entrada do porto, conseguimos chegar, o local é maravilhoso temos uma vista panorâmica do porto, das montanhas e conseguimos uma vista muito bacana de Uapu, outra ilha do arquipélago das Marquesas. Voltamos depois do por do sol, a trilha não é longa, mas é bem inclinada. Voltamos para o barco, jantamos e fomos dormir, no dia seguinte Aleixo que tinha conhecido um local, agilizou uma pescaria de caranguejo, mas somente um de nos poderia ir, a principio Lito que iria, pois Aleixo o escolheu, porem no final das contas ele não quis ir e cedeu o lugar para mim. Marcamos as 1600 com Richard o local que me levaria para pescar. Porem quando chegamos no cais ele disse que passaria no Fraternidade para me pegar umas 1800, voltamos para o barco jantei rapidamente e sai para a pescaria. Richard chegou um bote de fibra de 4 metros, com mais uma pessoa, entrei no bote e tomamos rumo para fora do porto, navegamos mais ou menos uns 40 min ao longo da costa da ilha até chegarmos em uma costeira onde ele começou a aproximar das pedras, me deu uma lanterna um saco de estopa e fez sinal que era para eu pular nas pedras quando chegássemos perto, primeiro foi o rapaz que estava com ele, na seqüência pulei para as pedras, foi um pulo tenso, pois havia muita ondulação e o bote de fibra não podia se aproximar durante muito tempo, mas deu tudo certo. Caminhamos pelas pedras até um certo ponto, o rapaz me deu uma pedra pq e pegou uma para ele, em um local onde havia muitas pedras pequenas, mas formando um platô onde a água ia e vinha e le me mostrou o que chamam de MAMA, não sei o nome em português, nunca vi esse animal, parece uma lesma, mas não da para definir onde é a frente e onde é as costas, esse molusco vive grudado na pedra e para solta-los é necessário bater com a pedra pequena que ele me deu e com a outra mão pegar o bicho, no começo é difícil, pois cada que eu pegava eu sentia a necessidade de colocar no saco para depois pegar outro, com o passar do tempo e observando o nativo peguei o jeito de acumular uns 5 a 6 mama na mão para depois colocar no saco. Um tempo depois já tínhamos meio saco de mama, fomos atrás do caranguejo, esse é mais difícil de pegar, íamos caminhando pelas pedras e iluminando com a lanterna presa na boca o caminho, numa mão o saco e a outra usando para se apoiar quando necessário e pegar os caranguejos, que são ágeis nas pedras, como com o mama no começo foi difícil pegar os caranguejos, mas depois acabei pegando o jeito. Ficamos mudando de lugar constantemente e a cada mudança tínhamos que pular das pedras para o bote ou do bote para as pedras. Após algum tempo e eu ter adquirido segurança, já estava quase que correndo nas pedras atrás dos caranguejos, as vezes chegava a ficar meio dentro da água para poder alcançá-los, eles não estavam dentro da água, mas em certos lugares só conseguíamos alcançá-los de dentro da água e assim fomos indo até a hora que estava com uns 3 caranguejos na mão e com a água pela cintura, foi quando uma onda um pouco maior me arrastou. No início tentei voltar para as pedras, mas vi o rapaz sinalizando para eu nadar para o mar, no mesmo momento vi Richard chegando com o bote, nadei até o bote, quando subi percebi que estava com o joelho sangrando, mas não fiquei me lamentando apontei para as pedras e demonstrei que queria voltar para lá, ele prontamente aproximou a proa do bote das pedras e pulei novamente. Voltamos para o barco umas 2200, eu estava exausto, afinal depois de 21 dias de travessia sem fazer exercícios, passei algumas horas correndo atrás de caranguejo nas pedras. Ele me deu meio saco de caranguejo como participação da pescaria. Tomei banho comi algo e logo dormi.

Sai para fazer uma caminhada, resolvi ir até uma vila que são 15 km de distancia e a estrada para lá passa pelo alto das montanhas, tem vários mirantes no caminho, é muito bacana. Sabia que não ia conseguir ir e voltar caminhando então decidi pedir carona, não foi difícil conseguir, mas tive que pegar duas para ir. Quando avistei a baia de Taipivai fiquei impressionado com a beleza do local, a carona me deixou um pouco afastado da praia, numa ponte cruzei em direção a vila e então caminhei por entre as casas que são na beira de um rio. Quando cheguei na foz do rio, descobri que eu não devia ter cruzado a ponte, pois a praia estava do outro lado do rio neste momento. Não foi muito difícil cruzar o rio, mas a água estava pela cintura e eu tive que segurar a mochila na cabeça. Na outra margem havia uma reunião de locais se preparando para um treino de canoa, tentei conversar com eles um pouco e depois caminhei um pouco mais, quando cheguei no outro estremo da praia tinha um local com uma canoa polinésia de uma pessoa e de dentro da água ele gesticulou, sugerindo se eu queria remar, disse que sim. Coloquei minha mochila perto das canoas e corri para a água. Remei por meia hora e achei abuso continuar por mais tempo, voltei a praia, tiramos a canoa tomei um banho de mangueira de água doce e caminhamos juntos de volta ao outro extremo da praia. Ele me perguntou como eu voltaria para Taiohae, vila onde estava o Fraternidade. Fiz sinal que iria andando e pedindo carona. Ele acabou me apresentando para o pessoal que estava treinando e fez sinal que um deles iria me dar uma carona. Fiquei por lá umas duas horas, conversando e comendo frutas. É impressionante a quantidade de manga, carambola e pumplemuce (um tipo de laranja que eles têm por aqui, em qualquer lugar que andamos encontramos muitas arvores frutíferas. Quando chegou a hora de irmos, entrei na caçamba de uma caminhonete junto com 2 garotos, estávamos sentado em um colchão dobrado, pegamos a estrada. Quando estávamos no meio da subida o carro parou, logo atrás vinha outro caro, rapidamente o motorista da caminhonete que eu estava saiu e entrou no outro carro, nos ficamos parados, depois de um tempo conversando com os meninos entendi que estávamos sem combustível, fiz sinal para eles que iria caminhar. Andei uns 2 km e cheguei num mirante maravilhoso, fiquei apreciando a vista por um tempo e acabei dando um cochilo na sombra de uma tapera feita de palha de coco. Voltei para a estrada, caminhei bastante, parei para comer goiaba, manga e acabei conseguindo uma carona que me levou até quase até o final da estrada, caminhei o resto do percurso. Já era meio da tarde e só tinha comido frutas até então, resolvi procurar algo para comer, mas por aqui sábado, poucas coisas estão abertas. Encontrei um trailer que um casal de franceses vendem sanduíches, parei para comer. Acabei conhecendo Caribu, um Argeliano naturalizado Frances que mora em Paris e estava em um barco com mais 2 amigos franceses. Conversamos bastante e ele me convidou para um aperitivo no barco as 1800. Voltei para o Fraternidade, guardei minhas coisas e fui para o “Shark”, o barco dos franceses. Ficamos conversando por muito tempo e por coincidência estava no barco um alemão que viaja com a família e depois filhos pequenos, que conheci em galapagos enquanto surfávamos. Foi muito bacana esse momento e acabei recebendo um convite de ir para baia de Taioa no barco dos franceses para passarmos dois dias, fique super animado.
No dia seguinte acordei cedo preparei uma mochila e fui para o Shark. Preparamos o barco para zarparmos, levantamos ancora e fomos. A viagem demorou mais ou menos uma hora, entramos na baia de Taioa, o local como tudo por aqui é maravilhoso, ancoramos o barco e tomamos um aperitivo, assim descobri que era regra no barco todo dia ao meio dia e ao por do sol tem um aperitivo e só então a refeição. Depois do almoço descansamos um pouco e fomos mergulhar para ver se pegávamos algum peixe, o mergulho foi bom, mas só tinha peixes pequenos. Voltamos para o barco e ficamos por lá.
No dia seguinte acordamos e fomos para terra, paramos na primeira praia que se chama hakaui, caminhamos um pouco e tentamos achar a trilha para a praia ao lado. Encontramos mas era um pouco difícil para Felipe, um dos tripulantes do Shark, pois ele perdeu uma perna em um acidente aos 24 anos de idade. Desistimos e voltamos para a praia e acabamos conhecendo Tangui um marqueziano que sua família era dona de todo o vale que engloba a baia. Ele foi muito simpático e nos deu dicas de como entramos no rio que fica na praia ao lado com o bote, assim Felipe facilmente conseguiria nos acompanhar. A entrada no rio só não foi melhor pois a maré estava muito baixa e o bote não conseguiu passar nem com o motor levantado. Encalhamos o bote na praia do rio e fomos caminhar. Conhecemos o primo de tangui, mas não lembro seu nome, ele nos levou para conhecermos a sua propriedade e suas plantações, comemos algumas frutas, tomamos água de coco e conversamos bastante. Voltamos para o barco para preparamos algumas coisas para a salada do almoço que seria na casa de Tangui. A refeição foi muito agradável na sombra de uns coqueiros. Mas como tudo que é bom dura pouco tínhamos que voltar para Taiohae e eu para o Fraternidade. Porem antes de partirmos pedi para os franceses perguntar a Tangui, se eu poderia voltar caminhando e passar uns dois dias na casa dele, pois queria ir até a cachoeira que ficava a mais ou menos uma hora e meia de caminhada, ele disse que sim e pouco tempo depois disse que iria para taiohae conosco no barco e que voltava  a pé comigo para mostrar o caminho.
Embarcamos todos, eu, Fred o capitão do barco, Caribu, Felipe,Tangui e Epo o cachorrinho de tangui. Mais uma hora de viagem e estávamos de volta ao ancoradouro principal da ilha, logo que cheguei,me despedi do pessoal e voltei para o Fraternidade.
Terça feira 27 de abril, meu aniversario, de presente de Aleixo ganhei a limpeza do casco. Mas tudo bem, tinha combinado com o pessoal do shark de fazermos uma festa lá no por do sol. Trabalhei no fundo do casco quase que a manha toda, almocei e fui para o Shark organizar a festa e depois em terra para comprar a comida e bebida.
A festa foi muito boa, devia ter umas 15 pessoas,cada uma de uma nacionalidade diferente, e com direito a 3 bolos diferentes, começou as 1900 e foi até a 0100, quando não tinha mais ninguém pedi uma carona para o franceses até o fraternidade e fui dormir feliz da vida.
Na quarta estava programado voltar caminhando com Tangui para Hakaui, Caetano resolveu ir também, tive que esperar pois ele tinha que ajudar Lito em um serviço de fibra no bote do Richard, acabei ajudando eles para ir mais rápido e as 1030 estávamos pronto para a caminhada, são quinze quilômetros e dois vales a serem vencidos, lembrando que para cada vale, temos uma subia e uma descida íngreme. Fizemos o trajeto em 3 horas, passamos por vistas maravilhosas e para variar no caminho paramos para comer goiaba, manga e Jamelão. Chegamos no inicio da tarde, descansamos um pouco, tangui me emprestou uma barraca e Caetano tinha levado uma rede do barco, levantamos acampamento e fomos a praia ao lado para nadar no rio. Voltamos no final do dia e ajudamos a tangui fazer uma salada muito boa de coco fresco ralado, mamão verde e manga verde, com um vinagre feito de mamão, muito bom, logo depois fomos dormir pois estávamos exaustos.
Acordamos e fomos fazer a caminhada da cachoeira, o terreno é todo plano, pena que estamos na época da seca, então não tinha queda d água, mas tinha uma piscina maravilhosa para no banharmos, na volta já estávamos na metade do caminho quando Caetano percebeu que tinha esquecido o boné, enquanto ele voltou para pegar eu fiquei sentado na beira da trilha apreciando a natureza. Quando chegamos na de Tangui ele não estava por lá, comemos algumas frutas e fomos descansar, o tempo passava e nada do Tangui. Tinhamos marcado um churrasco para a noite com os franceses, no meio da tarde eles apareceram. Ficamos todos sem entender nada, pois na casa de Tangui não tinha geladeira e também não tinha de carne no shark. Passou o tempo e tangui surgiu com uma mochila grande nas costas e um bolo de pelo na mão que parecei um gato. Quando ele chegou na varanda da casa, colocou o bolo de pelo no telhado e tirou da mochila uma cabra, pronta para ir para a churrasqueira, ficamos todos de boca aberta, ali estava o churrasco para 5 pessoas, uma cabra inteira!!
Preparamos o churrasco, salada e bebidas geladas graças a geladeira do shark e tivemos um delicioso jantar a luz de velas e da lua cheia. O astral estava maravilhoso, após nos empanturrarmos de comer fomos dormir, já que no dia seguinte tínhamos que acordar cedo para voltar para o Fraternidade, pois Aleixo e o resto da tripulação iriam acompanhar Richard em uma caçada de porco selvagem e cabra.
Eu e Caetano acordamos umas 0530 e pegamos a trilha por volta das 0630, estavamos no píer as 0930 da manha,mas não tinha ninguém no Fraternidade, o bote estava no píer, mas achamos melhor não usar, pois não sabíamos que horas o pessoal ia chegar, resolvemos sentar e aguardar um pouco. Não demorou muito e passou o capitão de um barco inglês, que conhecemos em Galápagos e nos deu uma carona. Assim que chegamos no barco, tomamos banho comemos um sanduíche e fomos dormir. Um tempo depois o pessoal do Fraternidade chegou e começou a se preparar para ir para a caçada. Neste mesmo momento, Aleixo comentou que estaríamos zarpando de Nuku-hiva no domingo. Como tinha decidido que ira para o barco Frances, conversei com ele sobre isso, pois ele tem que ir até a imigração para dizer que eu estou saindo da lista da tripulação. Ele me disse que a imigração funciona no domingo então iríamos daqui dois dias. O pessoal partiu para a caçada, eu e Caetano ficamos para tomar conta do barco. Toda sexta é noite de happy hour no bar do hotel, Caetano que estava encarregado do barco não foi, então fui sozinho. Não estava muito movimentado, mas acabei conhecendo uns locais e me diverti. Na volta enquanto caminhava pela orla,acabei encontrando um pessoal local escutando musica e trocando idéia, como um deles fala espanhol, parei para trocar idéia, me perdi no tempo e acabei perdendo o horário que tinha combinado com Caetano, quando cheguei no píer eu estava 50 minutos atrasado e ele já tinha voltado para o barco, acabei dormindo num banco do píer. Mas logo alguns locais estavam se preparando para sair para pescar e eles me deram uma carona até o fraternidade, cheguei e logo dormi.
No dia seguinte o pessoal chegou umas 1530, eu tinha caminhado pela cidade pela manhã e almoçado no barco. Richard convidou a todos para jantar na casa dele. Como eu e Caetano já estávamos prontos, fomos na frente com a mulher de Richard, enquanto o resto do pessoal foi tomar banho e se arrumar. Jantamos e voltamos para o barco para dormir.
No domingo de manha terminei de fechar minhas malas e fui com Aleixo até a imigração, fizemos os procedimentos, voltamos ao barco, peguei minha bagagem e fui para o píer. Tínhamos churrasco de porco selvagem na casa de Richard as 1200, como até então o Shark não tinha voltado de Hakaui, acabei levando minhas malas para a casa de Richard, passamos a tarde lá, o churrasco estava bom apesar de passado demais. No final da tarde demos mais uma volta na orla e voltamos para o píer. O Shark nao havia chegado, então acabei conhecendo Roge, um Frances que mora num catamara em Nuku-hiva, acabei dormindo no barco dele, pois o fraternidade zarparia na segunda bem cedo.
Na segunda ajudei a Roge a tirar algumas coisas de um veleiro que ele tinha comprado e estava reformando, enquanto trabalhávamos o Shark chegou, na hora do almoço levei minha bagagem almoçamos e descobrimos que a imigração só funciona pela manhã. Adiamos nossa partida para o dia seguinte, pois tinha que passar na imigração com Fred para me incluir na lista da tripulação do Shark. Fizemos isso bem cedo, compramos pão e partimos para Ua-pu uma ilha ainda no arquipélago das Marquesas que fica a 40 milhas de distancia. O Vento estava de través com intensidade de uns 15 knots, não poderia ser melhor. Apesar do Shark ser um Ketch de madeira dos anos 80, desenhado para altas latitudes, mantivemos uma média de 6 knots de velocidade. Ancoramos um Ua-pu no meio da tarde e no final do dia fui mergulhar para ver se tinha peixe, a água estava com boa visibilidade, mas só tinha peixes pequenos e acabei voltando para o Shark. Tomamos aperitivo, jantamos e dormimos.
No dia seguinte fomos até a vila, passeamos, fizemos compras de ovos e bolacha de água e sal e voltamos par ao barco para almoçar, a tarde mais mergulho.
Partimos rumo a Tikehau, um atol no arquipélagos de tuamotus, 500 milhas de distancia. Fizemos o percurso em 5 dias, mas acabamos indo direto para Rangiroa, que é o atol capital do arquipélago e fica a mesmo de 30 milhas de tikehau. Isso pois Felipe tinha que pegar um avião para Papetee a capital do Tahiti e teríamos mais uma vez que ir na imigração para tirar o nome de Felipe da lista e somente em Rangiroa tem imigração.
Na noite anterior a chegada o vento diminuiu muito e ligamos o motor, avistamos rangiroa pela manhã, quando estávamos a 5 milhas da entrada do atol, o motor começou a falhar, Fred correu para a casa de maquinas e eu para abrir a genoa, pois o vento tinha melhorado. O motor morreu e fiquei com Felipe levando o barco somente com a genoa. Por sorte não era nada grave, o tanque de diesel que estava sendo usado seco e sem combustível motor nenhum fuciona. Logo Fred trocou o tanque e o motor estava ligado de novo. Enrolamos a genoa e nos concentramos na entrada do atol, que normalmente tem muita correnteza. Vínhamos em média a 4,5 5 knots de velocidade e quando entramos no canal de entrada do atol, ficamos prestando atenção nas marcações de entrada e na beleza do local que esquecemos da velocidade, de repente, Felipe grita: Estamos a 8,5 knots de velocidade. Fred diminuiu a aceleração e continuamos a entrar no canal com muita velocidade, pois a correnteza estava entre 3 a 4 knots, pelo menos era favorável. Entramos e lançamos a ancora logo no primeiro ancoradouro do atol, que fica mais próximo a vila, porém é menos protegido que o outro do vento sueste. Não fomos em terra no primeiro dia, tomamos aperitivo e mergulhamos para ver a ancora a tarde, estava tudo bem jantamos e dormimos.
Fomos para a vila logo pela manha, eu e Felipe, Fred preferiu ficar de olho no barco. Antes de qualquer coisa, paramos para tomar uma cerveja, depois fomos as compras e na internet. Antes de voltarmos para o barco, passamos por uma festa local, que viemos a saber que é uma grande regata de canoas de uma, três e seis pessoas. Estavam assando um novilho precoce inteiro, não resistimos, reservamos 3 refeições e voltamos par ao shark para guardarmos as compras e chamar Fred. Voltamos para a festa, almoçamos uma carne deliciosa com feijão branco cozido de acompanhamento. Demos mais uma volta pela cidade e voltamos para o barco. A tarde fomos mergulhar de snoker próximo a entrada do atol, onde tem um grande banco de coral. A água é impressionantemente clara, parece que os peixes estão voando. Depois do mergulho voltamos par ao barco e ficamos por lá. No final do dia fui dar uma caminhada.
Ficamos mais uns dias neste ancoradouro, onde aproveitei para mergulhar, nadar nas sombra do barco, pois devido a força da correnteza da para nadar sem sair do lugar, assistimos a largada da grande regata que são 40 milhas no remo, começa dentro de Rangiroa e vai até Tikehau o atol ao lado.
Começou a ventar sueste forte, chegou a 20 knots, a ancoragem não era mais totalmente segura, e o freio da corrente da ancora não agüentou a pressão e acabou entortando no meio da noite, acabamos improvisando um cabo e ficamos fazendo turno de observação da ancora. Na manha seguinte o vento diminuiu e desentortamos o freio, colocamos de volta e mantivemos o cabo. Neste dia conheci o Infitnity, um barco de ferro cimento de aproximadamente 106 pés, nele estão velejando 16 pessoas de diferentes nacionalidades, um pessoal jovem, muito bacana. Michael o responsável pela manutenção do barco me convidou para surfar no dia seguinte e então marcamos para as 1430 no píer. Voltei para o Shark já no final do dia.
Durante a madrugada o vento aumentou e voltamos a fazer turno de vigia de ancora. As 0530 da manha, no meio do meu turno o cabo que tinha colocado para ajudar na ancoragem partiu e deu um tranco grande na corrente afetando novamente o freio. Decidimos levantar a ancora e irmos para o outro ancoradouro. Começamos a levantar ancora, porem no meio do caminho ela enroscou num coral, tive que pular na água e orientar Fred a como contornar o coral e liberar a corrente, após alguma dificuldade, conseguimos subir a ancora e mudar para o local mais protegido. Quando já estávamos ancorados eu e Fred arrumamos uma solução provisória para o problema da ancora, usamos barras roscada para improvisarmos um freio, parece que vai funcionar bem. A tarde ele me deixou em terra e fui atrás de carona para voltar ao píer da vila principal, onde tinha marcado de ir surfar com Michael. Pegamos a prancha e fomos.
Chegando lá percebemos que as ondas quebram quase que em cima do recife, ficamos um tempo observando os locais surfarem, para daí tentar pegar algumas ondas, levei um tempo até me sentir seguro, pois se errasse o drop, eu ia direto para cima do recife, mas foi tudo bem, as ondas eram longas e boas. No final do dia voltamos par ao barco e como já tinha escurecido, Michael perguntou se eu não queria dormir no Infinity, aceitei o convite e fiquei pelo barco conversando com todos.
No dia seguinte voltei cedo para o Shark, como não tinha combinado nada com o Fred em relação a ele ir me pegar no píer, acabei tendo que ir nadando, mas valeu o exercício.
Neste dia recebi um email do Brubru, sobrinho do Pedro da Bl3, dizendo que ele está indo passar uns meses num 50 pés na costa leste da Austrália e como a tripulação não estava completa ele perguntou se eu não queria ir, disse ainda a palavra mágica, que se eu chegasse lá, não precisaria pagar nada para ficar no barco, só ajudar a velejar e cuidar. Como no shark eu tenho que ajudar com a alimentação, fiquei super animado. O único problema  é que tenho que aplicar para o visto Australiano e só tem embaixada no Tahiti. Como o shark vai ficar pelo menos mais um mês em tuamotus, acabei conversando com o pessoal do Infinity e como ele chegariam no Tahiti até o dia 30 de maio, acabei mudando de barco novamente. Não fiquei confortável de deixar Fred sozinho, mas ele insistiu que por ele estava tudo bem. Então fomos na imigração fizemos o procedimento de transferência e mais uma vez mudei de barco.
Acabei surfando todos os dias, pois estando no Infinity fica tudo mais fácil, pois as pranchas estão aqui e o barco está bem mais próximo das ondas. Também aproveitei para ir fazer um mergulho autônomo com o pessoal do barco. Fomos até a entrada do atol e aproveitando a correnteza entrando mergulhamos no que se pode dizer um rio de água salgada. A correnteza estava tão forte que quando queríamos parar para ver algo,tínhamos que nos agarrarmos num coral. Foi muito bacana, vi alguns tubarões e umas raias gigantes. Logo após o mergulho, levantamos ancora e começamos a rumar para o Tahiti que fica a 180 milhas de distancia. Assim que contornamos o atol e fizemos rumo direto para Papeete, içamos as velas, desligamos o motor e a paz reinava por dois dias.