segunda-feira, 12 de julho de 2010



                                                          Nascer do sol em Moorea!!



                                                               Chegada em Moorea!!


                                           Leme de vento em funcionamento no por do sol!!

                                                                  Passate genoa!!

Fisherman sail!!!


                                                            Nadando durante a calmaria!!

                                                   Dorado, garantia de proteina fresca!!

Tahiti



                                                      Costurando vela a mão!!

                                                    
                                                         Fim do dia no Tahiti

Travessia Uapu Rangiroa e mergulho em Rangiroa.

Fotos marquesas


Fotos marquesas



Fotos marquesas

   



                                         Vista da baia de Taiohae, Nuku - Hiva!!!


                                          Churrasco Marqueziano!!


Chegada no Tahiti e travessia Tahiti - Fiji


Pouco tempo depois que começamos a velejar, o mar mais uma vez foi generoso conosco, fisgamos um atum, não muito grande, mas o suficiente para uma refeição para toda a tripulação, que são 16. Limpei o peixe e dei os filés para as responsáveis da cozinha do dia, que grelharam os medalhões no azeite, estava maravilhoso. Logo após fui dormir, pois o meu turno inicia as 00:00. O vento foi generoso em quase todo o percurso, velejamos pelo menos 80% do trajeto, tendo em vista que o barco é um kecth de 36 metros(aproxim. 120 pés)  feito de ferro cimento com suas 150 toneladas, não é qualquer vento que garante o velejo. Nós nos aproximamos do Tahiti já na segunda noite, quando assumi o turno as 0200 estávamos a 12 milhas do passe do recife que circunda a ilha. Como não podíamos ancorar já que o guincho da ancora estava danificado, rizei as velas para diminuir a velocidade do barco e mantive o rumo, pois íamos ficar na marina publica no centro de Pappete, capital do Tahiti, e só podíamos atracar no horário comercial. Uma hora depois ficamos a sotavento da ilha e como os morros são bem altos, ficamos sem vento, não reclamamos, pois já estávamos a 8 milhas do passe e precisávamos aguardar ainda 2 horas para entrar no recife. Já que é muito melhor ficar a deriva em águas abertas do que dentro do recife. Assim que clareou ligamos o motor e nos aproximamos e por volta das 0830 atracamos no cais. Um local muito agradável, um parque não muito grande no centro da cidade a beira mar, parte da orla do parque é um cais e parte um clube de remo, com uma pequena praia de recife. O único problema e como o parque é público, as pessoas que estão passeando no parque paravam para ficar observando o barco, nos sentimos como uma atração turística. Além de ficarmos com receio de assalto, então organizamos turnos para sempre ter alguém de guarda no barco. Depois de concluída a manobra de atracação, fomos caminhar pela cidade. Estava tendo um evento com banda local e uma grande rampa que tinha uns garotos pulando com bicicleta. Assistimos um pouco e depois voltamos para o barco, isso foi no sábado.
No domingo fui com a Urshak, uma Eslovênia tripulante do Infinity, visitar a marina Taina, que fica a 8 km do centro de Papeete, como não tem ônibus aos domingos, caminhamos um pouco no inicio quando chegamos em uma avenida com cara de estrada, paramos para começar a pedir carona, demorou um pouco para passar um carro, mas demos sorte, pois o primeiro que passou nos deu a carona, um casal local que tinha ido ao supermercado e estava voltando para casa.
A marina é espetacular, muitos barcos inclusive alguns super yachts,caminhamos por todos os cais, conhecemos algumas pessoas e fizemos alguns contatos e acabei encontrando um casal canadense que me deu uma carona de bote no Panamá, eles nos convidaram para tomar uma cerveja e ficamos jogando conversa fora por um tempo.
Minha intenção era conseguir um barco onde eu não precisasse dividir as despesas, onde eu pudesse trabalhar para compensar meus gastos, ou até conseguir um emprego em um dos grandes barcos. Urshak estava procurando por um barco para visitar algumas ilhas próximas ao Tahiti, pois ela tinha que voltar para a Europa em pouco tempo. Isso foi bom, pois não fizemos concorrência entre nós.
 Não conseguimos nada concreto, mas valeu o passeio. Aproveitei para colocar um anuncio no mural da marina me oferecendo como tripulante. Voltamos para o barco, novamente de carona, dessa vez com um Frances que mora aqui há dois anos. No infinity,jantamos e ficamos jogando conversa fora no deck até a hora de dormir.
Os dias foram passando e no meio da semana, fui jantar num barco, que estava na marina Tainá, de um suíço chamado Alan, ele viaja no barco com o pai desde 10 anos de idade, hoje com 18.  Dessa vez como éramos 6 pessoas e tinha ônibus pois era durante a semana, fomos de ônibus. Porém nos organizamos para dormir no barco, pois a noite não tem ônibus, seria difícil pegar uma carona e taxi nem pensar, muito caro!! A Rick,uma dinamarquesa, namorada do Alan que esta passando um tempo com ele no barco sabe fazer drads, pedi para ela fazer no meu cabelo e ela aceitou, dói um pouco mas curti!! No começo fica meio estranho, pois o cabelo fica meio esticado e duro então fica para cima, mas com o tempo os drads começam a pesar e caem. Foi muito bom, dormir na marina, pois aproveitei o dia seguinte para fazer mais contatos.
Acabei conhecendo o Michel, um Frances que morou no Brasil um tempo e foi casado com uma brasileira por 20 anos, mas no momento eles estão se separando. Após conversarmos um tempo, ele permitiu que eu ficasse no barco dele, um trimarã amarelo, chamado samba, construído e projetado por ele, e em troca da alimentação e acomodação eu ajudaria ele na manutenção do barco e no trabalho de veleria. Pois ele tem uma veleria na plataforma de popa do barco, com a máquina de costura embutida no piso e tudo mais. Passei o dia organizando o interior do barco que estava uma zona. No final do dia voltei para o infitity para arrumar a mala, acertar a conta e despedir da galera. Acabamos saindo a noite para dar uma volta pela cidade, paramos em um bar para tomar uma cerveja,absurdamente cara, quase 10 dólares uma caneca de chopp. O negócio é tomar devagar, o bar que estávamos fechou as 2200 e resolvemos dar mais uma volta na cidade e acabamos entrando num outro bar. Aqui é impressionante a quantidade de travesti, não só em Papeete,mas em toda a polinésia francesa, e como a sociedade aceita a opção sexual de cada um. É muito normal vc entrar em estabelecimentos comerciais de todo o tipo e encontrar travestis atendendo o publico, seja num restaurante, loja de conveniência, supermercado, agencia de turismo e mesmo em órgãos públicos. Neste segundo bar que entramos, estava cheio de travestis, entramos sentamos e ficamos na nossa tomando uma cerveja e batendo papo. Não demorou muito e os travestis começaram a dar trabalho, pedindo para tirar fotos com os meninos loiros e de olhos claros da nossa mesa, até tentar beijar um na boca um travesti tentou, graças a deus não fiz muito sucesso e nenhum veio encher o meu saco. Todos os loiros do nosso grupo acabaram ganhando o que apelidamos como “Tahitian hand shake” “aperto de mão tahitiano”, o traveco pega no pau da pessoa na maior cara de pau, foi muito engraçado. Por volta das 0100 voltamos para o barco.
No dia seguinte mudei par ao samba. A estada no samba foi boa, apesar de muito trabalho, mas foi muito proveitosa, ele tem um tipo de Hobbiecat, deve ter uns 14 pés com mestra e buja. Num final de semana fomos para Moorea, uma ilha próxima ao Tahiti, me diverti muito velejando no catamaram. Antes de irmos para Moorea tive que construi um novo par de lemes para o catamaram, foi muito bacana, pois aprendi a trabalhar com fibra de vidro e aplicação de primer. De todos os trabalhos que fiz, o mais interessante foi aprender boas noções de reparo e reforma de vela.
Estando na marina o tempo todo, acabei conhecendo muitas pessoas de todos os lugares do mundo, consegui uns bicos em dois super yacht, que deu para equilibrar o caixa e fiz vários bons contatos para o futuro. Conversando com o pessoal que trabalha nos barcos, cheguei a conclusão que tenho que tirar a carta de Yacht Master para conseguir bons trabalhos. É uma carta equivalente com a de Capitão brasileira só que profissional. Em um dos barcos que trabalhei, conheci um Neozelandês que namorou uma brasileira e ficou um ano em Belo Horizonte. Ele me falou sobre uma escola na NZ que tem ótimo reconhecimento mundial, próximo a Auckland, decidi que de um jeito ou de outro tenho que chegar lá para tirar tal habilitação.
Acabei não fazendo muito turismo no Tahiti, mas ta valendo!! Pois trabalhei bastante, aprendi muito e conheci bastante gente. Todo final do dia tinha happy hour, aniversário de alguém ou só a galera se encontrando no píer para bater papo.
Acabei conhecendo um Alemão chamado Joachim com seus 60 anos, que foi casado com uma brasileira, morou um tempo em Salvador e viajou toda a costa brasileira velejando.
 Ele tem um 47 pés de aço construído na França com mastreação armada como escuna, ou seja o mastro da proa é menor que o da popa e estava precisando de tripulação para levar o barco para Fiji, Vanuato e depois Cairns na Austrália. Ele já tinha um Austríaco de 70 anos na tripula, o Volkmar, uma figura, após o falecimento da esposa decidiu ir visitar a filha que mora na NZ, mas sem pegar avião, quer ir de carona em veleiros até lá.
A viagem para mim é um pouco rápida demais, pois deixar de passar em varias ilhas que gostaria de conhecer, mas como é um delivery pago, não tive como recusar. Pois fiz alguns contatos e posso quando chegar na Austrália tentar algum barco que banque a minha passagem de volta para o Tahiti ai venho devagar passando pelas ilhas.
Começamos os preparativos para a travessia. Tinha que terminar alguns trabalhos pendentes no samba, ir à imigração para fazer o check-out do Infinity e check-in no St. Michel, barco do Joachim, assistir o jogo do Brasil contra a Costa do Marfin e prepara mais uma vez a mala!!
Partimos de Papeete numa segunda, mas como o vento não estava bom, motoramos até Moorea e passamos a noite ancorado. No dia seguinte zarpamos definitivamente com destino Fiji. Nas primeiras horas não tivemos vento, novamente motoramos, mas o vento começou a soprar, de sul, uma brisa inicialmente, mas o suficiente para desligarmos o motor e içamos as velas, que não são poucas.
Temos a mestra no mastro de popa, a tranqueta, tipo uma genoa entre os dois mastros, a fisherman uma vela içada entre o mastro de proa e o de popa acima da tranqueta e a genoa na proa. O barco ainda tem duas genoas “passate” nome em Frances, não sei o nome em português. É uma genoa com corte diferenciado, tem pouca esteira mas muita testa, própria para ser usada no pau do balão, que no barco são dois, então podemos armar uma de cada lado quando estamos totalmente de popa, fiquei impressionado com o bom funcionamento desta armação.
Mas como o vento estava de alheta, colocamos as 4 velas mencionadas inicialmente e uma furling a barlavento. Para mim foi uma marca, pois nunca tinha velejado uma fisherman, nem com 5 velas içadas ao mesmo tempo e nem com o leme de vento em funcionamento.   Detalhe, como o barco é um projeto de 1975 e construído em 1979, não tem nenhum stopper e nenhuma catraca self tailing, é tudo no cunho e em alguns momentos temos duas escotas ou adriças no mesmo cunho e na mesma catraca. Apesar de ser um barco muito trabalhoso para se velejar, gostei bastante da travessia.
Tivemos todos os tipos de vento, de calmaria a 35 knots, de proa a popa, mas foi bom, não deu para ficar entediado.
A pescaria também foi boa, pegamos 3 dourados e um atum, mas foi o suficiente para quase toda a travessia, como éramos somente 3 pessoas, os peixes rendiam mais de 3 dias, então foram poucos dias que não comemos peixe.
  Quando passamos por Tonga, também passamos pela longitude 180°, que significa a troca, ou seja era quinta 1200 no fuso do Tahiti, quando passamos essa linha fomos para sexta as 1000 no fuso de Fiji. Acabei perdendo um dia, ou seja, uma pessoa com a mesma idade minha tem um por do sol a mais do que eu.
Nos últimos 4 dias da travessia o vento não compareceu, fizemos media de 80 milhas por dia, quando tínhamos vento fazíamos media de 140 milhas por dia. A chegada em Fiji é tranqüila, mas requer muita atenção, passamos entre varias ilhas antes de chegar em Viti levu, a ilha principal onde fica Suva a capital de Fiji. A entrada na baia de Suva foi complicada, pois tínhamos 2 cartas náuticas do local, entre uma e a outra tínhamos uma diferença de 0,8 milhas e o canal de entrada entre os recifes tinha 0,4 milhas. Não podíamos confiar totalmente no GPS. Como nos aproximamos da ilha as 2300 local, navegamos devagar para poder identificar todas as luzes das bóias de indicação e também duas luzes que ficam no morro, que temos que alinhar uma com a outra para termos certeza que estamos na direção correta. O problema é que atrás dessas luzes estão as luzes da cidade, que atrapalha bastante a visualização. Quando íamos nos aproximando, por sorte vi um barco local saindo pelo canal, o que facilitou muito nossa vida, apesar de estarmos a 2 milhas do canal, consegui visualizar mais ou menos a posição do canal, ai foi só se aproximar e identificar as luzes. Entramos tranquilamente e ancoramos na área reservada para a quarentena, comemoramos a chegada com uma rodada de cuba libre e na seqüência dormimos.
No sábado pela manhã, passamos um radio para o iate clube que foi muito solicito e contatou a imigração que em duas horas estavam em nosso barco. Fiquei impressionado com a quantidade de pessoas, um para cada departamento, saúde, agricultura, alfândega, imigração e capitania dos portos. Preenchemos um caminhão de papeis e pagamos 120 dolares por todo o processo e pela caixinha por termos chegado no final de semana, mas ta valendo, pois quem pagou foi o capitão.
Quando o pessoal chegou, a primeira coisa que fiz foi perguntar como estava o Brasil na copa do mundo, pois tinha esperança de ver o Brasil na final, mas tive a infeliz noticia que tínhamos perdido para a Holanda.
Assim que acabou a burocracia, baixamos o bote e fomos para terra. Graças a deus aqui voltamos aos preços normais, aproveitei para tomar uma cerveja no clube com o Volkmar, comemos um aperitivo de peixe e voltamos para o barco. A noite teria um churrasco no clube para assistir a final da copa do mundo de rugby entre a Nova Zelândia e África do Sul. Fiquei todo animado, pois fazia um tempo que não comia carne. Mas quando cheguei no churrasco, o desanimo foi instantâneo, pois o churrasco era a gás e só tinha coxa de frango e um salsichão.
O jogo foi bom, a NZ ganhou.
Conheci um brasileiro de Buzios chamado João, ele comprou o barco na NZ e veio velejando solitário para Fiji, muito gente boa, conversamos muito.
Depois do jogo acabei saindo com o pessoal local que trabalha no bar, fomos numa balada no centro da cidade. Foi muito bacana, voltamos as 0430.
No domingo, fui pela manhã no barco do João para trocar uma idéia, ele estava com um indiano amigo dele no barco, aqui a população e quase que dividida entre indianos e fijianos. Ele acabou nos convidando para ir na casa dele para almoçarmos e jogarmos conversa fora, acabei passando a tarde toda por lá, voltamos para o clube já anoitecendo.
Na segunda dei inicio a aplicação do visto da Austrália, fui até o consulado, peguei os formulários para preencher e agora estou correndo atrás dos papeis que preciso.
O plano agora é ficar mais uns dias por aqui, ir para Vanuato e depois Austrália, onde devo chegar daqui pouco mais de um mês.